Pais e mães que vivem o dia a dia de seus filhos, de um jeito ou de outro, e se esquecem deles mesmos. Esse amor altruísta e abnegado não tem limites. Mesmo errando algumas vezes, na forma que lidam com as dificuldades e limitações de seus filhos, fazem por amor, por falta de orientação, por falta de recursos financeiros, mas fazem o que podem e com amor.
Pais que geraram filhos com necessidades especiais, pais cujos filhos adoeceram e adquiram uma condição diferente, não importa; eles encaram o desafio e enxergam seus meninos e meninas como anjos que têm muito a ensinar.
Parece que só agora com os casos de microcefalia é que as mães e pais foram percebidos pelos órgãos de saúde e pela imprensa, mas quantas crianças já nasceram e já morreram sem que tivessem um tratamento adequado? Quantas mães e pais já não sofreram com suas perdas? Afinal, essa doença existe e não é de hoje. Os pais dessas crianças precisam muito mais do que um benefício como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), precisam do apoio de uma equipe multiprofissional para eles também, apoio psicológico, orientações para o cuidado com as crianças, etc.
Conheci alguns desses pais e mães guerreiras. Conheci também casos de mães e pais que desistiram de seus filhos com necessidades especiais. Atualmente percebo que temos muito a aprender com esses pais, pois a convivência com eles nos faz ver o quanto pode ser duro lutar não só com as dificuldades e limitações de seus filhos, mas contra o preconceito, a ausência das políticas públicas para saúde e a dificuldade de educação dessas crianças, jovens e adultos. Adultos sim, porque filho com necessidades especiais é para a vida inteira.
Infelizmente, em muitos casos, às mães que acompanham os filhos, algumas são solitárias e outras não contam com a presença do marido. Alguns porque são ausentes por negligência mesmo, outros porque precisam buscar recursos financeiros e por isso trabalham muito, ficando sem tempo. Alguns tentam dedicar-se muito a seus filhos, ajudando as esposas, mas esse contingente é bem menor. Não cabem julgamentos, porque cada indivíduo traz consigo muitos sentimentos e modos de interpretar a sociedade. Em contrapartida, a sociedade, que tanto prega o respeito às diferenças, se esquece do respeito aos pais e familiares também.
Ainda temos muito que aprender sobre como lidar com tantas diferenças, físicas, intelectuais, de gênero, etnia, etc. Mas uma coisa é certa, precisamos de mais atenção a essas famílias. De decretos e leis o Brasil anda cheio, mas de ações eficientes ainda há muito por fazer, basta olhar para a Educação Pública que prega uma inclusão tão precária, que mais exclui do que integra, faltam materiais adequados, profissionais de apoio, intérpretes de Libras, mobiliário adaptado, currículo adaptado, profissionais bem formados, tanta coisa… E falando em faltar: Ah! Falta amor e solidariedade.
Parabéns, pais, mães e familiares! Vocês merecem todo respeito e admiração.